Nutrientes derivados da produção de suínos e aves têm preços que variam entre R$60 e R$90 por tonelada
Por ser eficiente e mais barato, o uso de resíduos e fertilizantes orgânicos no sistema soja-milho safrinha tem sido uma opção para diversos agricultores, responsáveis até mesmo por atrair indústrias de carne para suas regiões. Com preços de comercialização que variam entre R$60 e R$90 por tonelada, os resíduos contêm nutrientes importantes, como fósforo e potássio, essenciais para a boa nutrição das plantas. Segundo Vinicius de Melo Benites, pesquisador da Embrapa Solos, vários resíduos podem ser utilizados no sistema soja-milho safrinha, mas devido ao custo, os mais promissores são os originados da produção de suínos e aves.
— Isso porque, no Brasil, existe certa proximidade entre as áreas que produzem milho e as que produzem suínos e aves. As indústrias de carne se aproximam das áreas produtoras de grãos por uma questão de logística — afirma o pesquisador.
De acordo com ele, é possível pensar na utilização do resíduo in natura ou em produtos gerados a partir dele. No caso do resíduo in natura, a quantidade a ser aplicada depende de análises que devem ser feitas no resíduo e no solo.
— Quando falamos em camas de aviário, por exemplo, falamos em uma média de 2t a 4t. Os resíduos contêm todos os nutrientes da tabela periódica, principalmente os macronutrientes, mas também micronutrientes. No caso da cama de frango, ela é tem grande importância na parte de fósforo e potássio, nutrientes contidos no resíduo que rapidamente entram no sistema. O fósforo, mesmo existente nessa cama, demora um pouco mais para entrar no sistema — conta Benites.
Ele diz que, quando o assunto é dejetos de suínos, o principal componente é o potássio. Portanto, quando o produtor aplica esses dejetos, ele deve considerar o teor de potássio contido para saber qual a quantidade a ser aplicada.
— Para aplicar os resíduos adequadamente, a primeira questão é se certificar sobre a sua origem. Tratando-se de um resíduo de boa qualidade, a primeira preocupação do produtor deve ser a forma de aplicação. No caso da cama de frango, é importante que o produtor tenha o equipamento adequado para a aplicação. Já no caso do dejeto líquido de suínos, o produtor deve ficar atento aos custos de aplicação, que podem exceder o próprio custo do produto — orienta.
A terceira preocupação, como explica o pesquisador, está ligada ao solo. Da mesma forma que o produtor usa fertilizantes, ele deve também fazer um acompanhamento constante da nutrição das plantas. Ele recomenda uma associação dos resíduos com alguma fonte mineral. O mais comum é a associação dos resíduos orgânicos com uma fonte mineral de fósforo para que eles se tornem mais balanceados.
— O grande mérito dessa tecnologia é a redução de custos. Considerando o teor de 3% de nitrogênio, 3% de fósforo e 3% de potássio da cama, seu valor gira em torno de R$150 a R$180 por tonelada, dependendo de cada região. Já a cama, é normalmente comercializada com preços que variam entre R$60 e R$90 por tonelada — afirma.
Ainda segundo Benites, a aplicação é feita normalmente antes do verão. Para ele, essa é uma questão de logística, pois nessa época, o produtor tem seus equipamentos parados, o que gera ociosidade da mão-de-obra.
— No entanto, tecnicamente falando, se o produtor aplicar os resíduos logo após a colheita da cultura de verão e antes do plantio da cultura da safra seguinte, a tecnologia se torna mais interessante. Isso porque a segunda safra é muito mais responsiva a esses resíduos do que a safra de verão — conta ele.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Solos através do número (21) 2179-4500.
Publicado em: 06/12/2011
Fone: SENAR/Portal Dia de Campo - Kamila Pitombeira
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