sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Agricultores com propriedades rurais de 25 a 100 hectares de terra terão 16 anos para fazer georreferenciamento

Publicado no Diário Oficial da União na última terça-feira (22), o decreto 7.620/2011 amplia o prazo para agricultores familiares realizarem o georreferenciamento das propriedades que, conforme o tamanho poderá ser feito até 2023.

Exigido pela Lei i 10.267/2011, o georreferenciamento é um procedimento obrigatório de demarcação de imóveis rurais para agricultores que pretendem desmembrar, remembrar ou vender sua propriedade, alterando o domínio. Além disso, se não for feito dentro do prazo estipulado, os produtores são impedidos de acessar novos financiamentos.

De acordo com Marcos Rochinski, secretário Geral da FETRAF-BRASIL, o posicionamento do governo neste é importante para tranqüilizar os agricultores familiares, entretanto há outro tema que necessita da atenção do governo prioritariamente à questão do georreferenciamento.

“Esse decreto dá mais segurança jurídica aos agricultores para que possam acessar o financiamento, pois isso já está sendo um problema. Algumas agências estão condicionando o acesso ao crédito à realização do georreferenciamento e tem agricultores que não fizeram”, explicou o coordenador. “Por outro lado, a preocupação maior do governo deveria ser a realização da regularização das propriedades. Muitas delas não têm a documentação”.

Antes do decreto, o prazo para fazer o georreferenciamento era 20 de novembro de 2011. Agora, agricultores que possuem áreas de 250 a 500 hectares passam a ter dez anos para fazê-lo - contados a partir de 2003 -, e proprietários de terras de 100 a 250 hectares terão treze anos.

Como a agricultura familiar é detentora de área inferior a 100 hectares correspondendo a 89,3% do total de 4.339.859 estabelecimentos, com 20,0% da área total, conforme o Censo Agropecuário 2006, os produtores, donos de 25 a 100 ha terão 16 anos para fazer o georreferenciamento. Já os agricultores familiares de áreas inferiores a 25 hectares, ganharam 20 anos a partir de 2003 para cumprir a exigência.

Para Rochinski, o decreto foi publicado em momento certo “em que se discute a legislação ambiental, e que não sabemos se os agricultores familiares terão ou não a exigência de manter a Reserva Legal em suas propriedades. Essa medida é ideal para que o georeferenciamento possa ser feito dentro da nova legislação”, avaliou o secretário Marcos Rochinski.

Presidência da República
Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 7.620, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2011.


Altera o art. 10 do Decreto nº 4.449, de 30 de outubro de 2002, que regulamenta a Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001,

DECRETA:

Art. 1o O art. 10 do Decreto no 4.449, de 30 de outubro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 10. .....................................................................

.............................................................................................

IV - dez anos, para os imóveis com área de duzentos e cinquenta a menos de quinhentos hectares;

V - treze anos, para os imóveis com área de cem a menos de duzentos e cinquenta hectares;

VI - dezesseis anos, para os imóveis com área de vinte e cinco a menos de cem hectares; e

VII - vinte anos, para os imóveis com área inferior a vinte e cinco hectares.

§ 1o ...............................................................................

...................................................................................” (NR)

Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 21 de novembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

DILMA ROUSSEFF
Afonso Florence

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DICA RURAL DA SEMANA Nº 07 - Camomila é calmante e digestiva

Globo Rural On-line - João Mathias | Pedro Melilo de Magalhães

Apesar dos benefícios que traz à saúde, a planta ainda é pouco cultivada no Brasil




Trabalhos de seleção genética realizados em todo o mundo resultaram em variedades de alto rendimento da camomila (Matricaria chamomilla), cultura que ainda teve a seu favor a introdução da colheita mecanizada. O aumento da produtividade levou a erva a ganhar mais espaço.No Brasil, a camomila é a planta medicinal mais cultivada.


O plantio de camomila por aqui, no entanto, ainda é pequeno. A principal região produtora está localizada no entorno das cidades paranaenses de Mandirituba e São José dos Pinhais, onde mudas foram introduzidas por imigrantes poloneses e italianos. Naquela região, são manejados de 500 a 700 hectares por uma média de 80 a 100 agricultores, que produzem entre 450 e 500 quilos de flores secas por hectare.

O pequeno número de produtores no país restringe a disponibilidade de sementes selecionadas no mercado, dificultando a expansão do cultivo. A escassez da matéria-prima traz uma oportunidade para quem planeja fazer da atividade uma fonte de renda, inclusive com a produção de sementes.

Da camomila pode-se fazer chá calmante e digestivo com benefícios para consumidores de todas as idades. Seu efeito contribui para aliviar desde cólicas em bebês até o estresse provocado nas pessoas pela vida agitada. Ainda contém propriedades que fornecem ação anti-inflamatória e antisséptica. O chá também serve para realçar o tom dourado de cabelos louros. Em compressas, suaviza olheiras e inchaço dos olhos. Na indústria de cosméticos, o óleo essencial da camomila, chamado azuleno, é ingrediente ativo de vários produtos.

Composta de miúdas e levemente perfumadas flores de cor branca com miolo amarelo, a camomila pode ser usada como ornamentação. Semelhantes a margaridas em miniaturas, enfeita ambientes quando dispotas em canteiros ou vasos. Planta anual herbácea e muito ramificada, a camomila pode alcançar até 60 centímetros de altura. Embora seja resistente a pragas e doenças, necessita de cuidados no plantio. A gradagem pré-semeadura, por exemplo, ajuda a controlar a incidência de ervas invasoras na área do cultivo.

RAIO X

SOLO: areno-argiloso
CLIMA: temperado
ÁREA MÍNIMA: pode ser plantada em vasos
COLHEITA: quando 75% da plantação estiver florida
CUSTO: no fim do ciclo, as sementes são obtidas pelos próprios produtores para a próxima safra
MÃOS À OBRA

INÍCIO: Orientações técnicas e dicas detalhadas podem ser obtidas na Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural). O plantio da mandirituba, variedade que predomina na região da cidade do mesmo nome, no Paraná, registra rendimento médio de 2,5 mil quilos de flores frescas por hectare, ou 500 quilos de flores secas por hectare.

AMBIENTE: A camomila tem bom desenvolvimento em regiões de clima temperado, frio e úmido. A planta resiste a fortes geadas, mas o ideal é cultivá-la em locais com temperatura na faixa de 20 ºC. A luminosidade do ambiente influi diretamente no rendimento do óleo essencial que é extraído da flor.

PLANTIO: Apesar de pouco exigente, a camomila prefere solos areno-argilosos, argilo-arenosos e francos, sobretudo os permeáveis, leves e salinos, com pH entre sete e oito. Distribuídas a lanço e diretamente no local definitivo do plantio, as sementes miúdas devem ser misturadas com terra, areia ou fubá em uma proporção adequada. Por exemplo, se a calcareadeira estiver regulada para aplicar 100 quilos por hectare, utilize 96 quilos de fubá para quatro quilos de sementes puras. Aumente o contato das sementes com o solo passando um rolo compressor após a semeadura.

ESPAÇAMENTO: Se usar uma semeadora para distribuir as sementes em linha, o espaçamento deve ser de 20 a 30 centímetros entre linhas. Com a utilização de um calcareador, a semeadura é a lanço e sem qualquer espaçamento definido.

SEMENTES: Para a obtenção de sementes, os botões florais devem ser colhidos quando de 60% a 75% das plantas estiverem com as pétalas inclinadas para baixo em relação ao receptáculo. Separe as impurezas e seque a 35 ºC. É necessário conservar as sementes em ambiente com desumidificador e temperatura de 10 ºC.

PRODUÇÃO: Quando menos de 60% das plantas apresentarem pétalas abertas em 180 graus, está na hora de colher. Embora tenha rendimento baixo e alto custo, a colheita manual é a mais indicada, pois facilita a escolha pelos melhores botões. A adoção de colheitadeiras sofisticadas se justifica para grandes extensões de cultivo. Faça a secagem inicial ainda no campo, mantendo o material esparramado sobre mantas nos dois primeiros dias após a colheita. Cubra-o à noite. Em seguida, use um secador com temperatura de 35 ºC para eliminar toda a umidade no interior dos botões florais, evitando o desenvolvimento de larvas. Em geral, é feito o replantio após a colheita, pois o ciclo da camomila é anual.

*Pedro Melillo de Magalhães é pesquisador da divisão de agrotecnologia do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas Biológicas e Agrícolas da Unicamp; Caixa Postal 6171, CEP 13081-970, Campinas, SP, tel. (19) 2139-2891, pedro@cpqba.unicamp.br

Onde comprar: sementes podem ser adquiridas de produtores indicados pela Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), Rua da Bandeira, 500, CEP 80035-270, Cabral, Curitiba, PR, SAC tel. (41) 3250-2166, sac@emater.pr.gov.br

Mais informações: pesquisador Cirino Corrêa Junior, da Emater Curitiba, tel. (41) 3250-2145, plamed@emater.pr.gov.br; e unidades da Emater em Mandirituba, Rua da Liberdade, 55, CEP 83800-000, tel. (41) 3626-1337; e em São José dos Pinhais, Rua Norbert de Brito, 1.180, CEP 83005-290, tel. (41) 3283-5435

Fonte: CNA/SENAR
Publicado em: 21/11/2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Educação rural é proposta da REAF para o Mercosul

Na XXXI Sessão Brasileira da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF), realizada em Brasília, de quarta a sexta-feira (16 a 18), o grupo deliberou pela proposição de apresentar aos países membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a adoção de políticas públicas específicas para a educação rural. A proposta será levada pela delegação brasileira à XVI REAF, prevista para ocorrer entre 5 e 9 de dezembro, no Uruguai.

Aprovada nesta sexta-feira (18), último dia da XXXI Seção Nacional, a proposta é promover a educação rural fundamentada no respeito à diversidade do campo, da floresta e das águas nos aspectos sociais, culturais, ambientais, de gênero, raça e etnia é a o objetivo da proposta.

No documento final em que são detalhados os encaminhamentos aprovados, o grupo sugere aos países membros que esse modelo de educação contemple o ensino infantil, básico, médio, técnico e superior de modo que seja possível ampliar cada vez mais novas oportunidades para a população rural.

De acordo com Josana de Lima, coordenadora de Formação e Juventude da FETRAF-BRASIL, que participou da REAF, essa proposta vai de encontro ao que a entidade defende e, tem lutado junto ao governo para garantir.

“Uma educação de qualidade e específica para todos os trabalhadores do campo, com metodologia que agregue a realidade da zona rural e professores qualificados, inseridos no contexto local”, disse a coordenadora.

Outro tema que o documento aborda é a importância de os estados-parte do bloco econômico valorizar a formação e a carreira dos profissionais da educação, bem como se levar em conta a incorporação, na construção das políticas públicas, de atores da sociedade civil.

No Uruguai

Entre 5 e 9 de dezembro, no Uruguai, Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) será um dos temas abordados pela FETRAF-BRASIL na XVI REAF. Na ocasião, ela irá representar os movimentos sociais do Brasil.

“Vamos abordar um pouco sobre o que não pode deixar de ter no ATER para garantir uma assessoria e ou assistência técnica de qualidade para agricultura familiar do Brasil. Essa será uma das pautas principais na nossa agenda em Montivideu, assim como o tema educação”, informou Josana.

Na oportunidade a equipe da REAF irá apresentar uma proposta para superação do analfabetismo no campo, principalmente entre adultos.

Dados do Censo Demográfico 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 9,6% da população brasileira com 15 anos ou mais é analfabeta. Na última década, a taxa de analfabetismo em áreas rurais caiu de 29,8% para 23,2%, enquanto nas regiões urbanas, a diminuição foi de 10,2% para 7,3%. De acordo com o Censo, a diferença entre os índices acontece porque as dificuldades de acesso à escola e o envolvimento precoce na força de trabalho são maiores na zona rural.

“Chegar na escola para quem mora na zona rural esta cada vez mais difícil, prova disso é o fechamento das 24 mil unidades escolares. O que se caracteriza como desrespeito para a população, que tem tido o direito de dispor de uma educação de qualidade prejudicado”, avaliou Lázaro Bento, coordenador de Reforma Agrária da FETRAF-BRASIL que também participou da REAF.


Fonte: FETRAF-BRASIL

Oficina Nacional de Mulheres traça planejamento estratégico 2012


Na quinta e sexta-feira as mulheres, representantes das Federações estaduais (FETRAFs), participam da Oficina Nacional de Mulheres da FETRAF-BRASIL. Realizado no Retiro Assunção, em Brasília, a atividade tem o objetivo de fazer o planejamento estratégico para 2012, encaminhar a criação do Coletivo Nacional de Mulheres Agricultoras da FETRAF e, traçar ações de mobilizações.

Na manha de quinta-feira (17), as participantes participaram do painel sobre resgate e avaliação das ações desenvolvidas pela coordenação Nacional e coordenações estaduais de mulheres das FETRAFs e, no período da tarde, do painel que discutiu políticas públicas para as mulheres da agricultura familiar.

Com a participação de Andrea Butto, do Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Ppigre/MDA), foi realizado um resgate histórico dos programas desenvolvidos pelo ministério, como o Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR), programa de organização produtiva, reforma agrária, crédito, assistência técnica, etc., conforme informou Viviane Oliveira, coordenadora de Mulheres da FETRAF-BRASIL.

“Essa retrospectiva foi feita focando o aspecto de como as mulheres têm conseguido se inserir neste processo, desde a última, lá da ponta, até as que se encontram organizadas em movimentos. Nós, da FETRAF, em especial da secretaria da Mulher, vemos como grande desafio colocar as mulheres como protagonistas nestes espaços que precisamos ocupar com qualidade, com um olhar de mulher, com o jeito de mulher”, avaliou Viviane.

De acordo com Maria da Graça Amorim, coordenadora de meio ambiente da FETRAF-BRASIL, em 2012, as ações de mobilização para luta das mulheres será intensificada.

“Além da criação do Coletivo Nacional de Mulheres, a idéia é realizarmos um grande acampamento. Um acampamento nacional das mulheres agricultoras familiares da FETRAF-BRASIL, em Brasília”, informou. Os detalhes ainda serão acertados.

FONTE: FETRAF-BRASIL

domingo, 20 de novembro de 2011

DICA RURAL DA SEMANA Nº 06 Criação de aves (galinhas) para produção de ovos e carne em sistema de caipira

O conhecimento é um dos fatores mais importantes na busca do desenvolvimento sustentável de um país, pois é ele que definirá os processos de desenvolvimento e promoverá o surgimento de oportunidades sem precedentes para a redução das desigualdades sociais. A eficiência deixou de ser uma vantagem competitiva para transformar-se em requisito para sobreviver na atividade agropecuária.

A “velha” galinha conhecida como “pé duro ou caipira” dos terreiros e quintais com potencial produtivo de apenas 50 a 80 ovos por ano existe em mais de 80% das propriedades rurais e tem contribuindo para melhorar a alimentação das famílias e muitas vezes auxiliando como parte da renda na economia familiar, com a vantagem da comercialização de um produto diferenciado com melhor remuneração por parte do mercado consumidor.

O programa de seleção das aves para serem criadas em sistema caipira, procurou encontrar um ponto de equilíbrio entre a rusticidade e a produtividade, apresentando hoje, aves com potencial de postura de 270 a 300 ovos ao ano e também aves especializadas para produção de carne.

No sistema de produção proposto à escolha do tipo da ave a ser criada é de fundamental importância, e para que a ave possa promover uma ótima capacidade produtiva, deve-se dar atenção a nutrição, ambiência, sanidade e manejo.

As aves escolhidas devem ser de fácil manejo, boa produtividade e indicadas para o sistema de produção proposto.

Tabela sobre consumo de ração para ave de postura

Idade

(semanas)

Peso / ave

(gramas)

Consumo / dia

(gramas)

Acumulado

(quilos)

1

70

12

0,084

2

140

19

0,217

3

220

26

0,399

4

300

32

0,623

5

380

38

0,889

6

470

41

1,176

7

570

45

1,491

8

660

48

1,827

9

750

51

2,184

10

830

54

2,562

11

910

56

2,954

12

990

58

3,360

13

1070

60

3,780

14

1150

63

4,221

15

1230

67

4,690

17

1410

78

5,740

18

1500

84

6,328

22

1840

107

9,114

30

1950

113

15,393

73

2090

108

48,895





Revista: Escala Rural – Ano III- Nº 18

Na região cacaueira, em alguns criatórios, as aves têm apresentado as características de textura e sabor na carne que o mercado regional deseja, aos 120 dias de vida, daí ser muito importante o manejo alimentar. O acesso dessa ave ao pastoreio ajuda a promover crescimentos de forma gradual com objetivo de atingir a maturidade e transmitir à carne as qualidades que o mercado deseja.

Tabela sobre consumo de ração para produção de carne – “ave tipo pesada”

Critório
Tipo de ração

Confinado 1º dia
até o abate
Comercial 3100 kcal

Livre 30º dia
até o abate
Caipira 2850 kcal

Idade (dias)

Peso Vivo (g)

Total de Ração KG

Idade (dias)

Peso Vivo (g)

Total de Ração KG

28

280

0,980

28

598

1,052

35

930

1,740

35

818

1,480

42

1180

2,350

42

1038

2,070

49

1445

3,110

49

1271

2,790

70

2210

5,750

70

1950

5,050

84

2485

6,760

84

2175

6,120

90

2730

8,160

90

2402

7,206

Fonte: Avifran

Com investimentos relativamente baixos e instalações de fácil construção e simples técnica de manejo, a criação de aves em sistema caipira tem se mostrado lucrativa, principalmente, para pequenos produtores, pois tem a vantagem da comercialização de um produto diferenciado com boa procura e melhor valor de comercialização.

Esse sistema de criação é simples, as aves devem ter dietas mistas, compostas de ração balanceada, complementada com produtos da região e pasto de boa qualidade para que possa serem direcionados como alimentação suplementar, pois a alimentação convencional chega a representar hoje cerca até 89% dos custos de produção (planilha em anexo).

As aves devem ser soltas durante o dia para que possam ciscar, tomar sol, com isto se exercitam, em fim terem uma vida natural e mais saudável.

A alimentação vegetal pode suprir até 25% das exigências nutricionais das aves. O vegetais crescem recebendo a energia do sol, e estão repletos de caroteno, vitaminas, minerais e força vital. As ingestões de gramíneas, leguminosas e outras fontes vegetais fornecem vitaminas e minerais as aves, ajudando na resistência às doenças e modificando a qualidade de seus ovos tornando suas gemas mais vermelhas e ricas em vitamina A.

Para iniciar nesse sistema de criação é necessário procurar um profissional da área para que possa lhes orientar.

Quando for planejar as instalações, elas devem oferecer: conforto ambiental, condições ideais de manejo, proteção contra predadores, cuidados estes que não devem ser ignorados sob pena de comprometer todo o projeto.

MANEJO BÁSICO

Mesmo sendo resistentes e selecionadas para serem criadas em sistema semi-intensivo, estas aves devem ter bons cuidados principalmente no primeiro mês.

Adquirida as aves, é preciso respeitar uma rotina de trato que assegure seu crescimento rápido e saudável. Uma primeira recomendação é evitar o estresse das aves e adaptar a estrutura ao criatório a cada etapa de seu desenvolvimento. Tudo deve mudar gradativamente e o que nunca deve faltar é:

- limpeza do ambiente;
- temperatura adequada;
- disponibilidade de água limpa, fresca e de ração específica.

Na chegada das aves com um dia de vida, depois de soltá-las dentro do circulo de proteção, fornecer água com “açúcar” (50 gramas/litro de água) para hidratar e aumentar a sua energia e a partir daí colocar a ração.

Nos primeiros dias, o principal inimigo da criação capaz de exterminá-la é a falta ou excesso de calor. As aves ainda não desenvolveram a capacidade de controlar a temperatura do seu corpo, por isso ficam inteiramente sujeitas às variações externas. Um pintinho nasce com 39,8ºC e cabe ao criador atenuar as diferenças entre as temperaturas do corpo e a do meio ambiente. Essa medida se faz com campânulas elétricas ou a gás, indicados para lotes de até 500 pintinhos. Tome como referência à fonte de calor e calcule no chão um raio de 1,20 m para erguer um círculo de retenção das aves que pode ser feito com folha de compensado (tipo eucatex) e deve ter uma altura de aproximadamente 0,60 m.

O comportamento da ninhada dirá se a temperatura dentro do círculo está ou não adequada. Pintinhos amontoados junto à lâmpada e piando indica calor insuficiente. Ao contrário, se permanecerem distante da campânula, mas piando, há excesso. Bom sinal é vê-los regularmente distribuídos, em silêncio, alimentando-se normalmente.

Por volta do 14º dia a penugem cai e surgem as penas que constituem um bom isolante térmico. O círculo de proteção não é mais necessário. Dependendo da época do ano, a campânula também poderá ser desativada – primeiro durante o dia, depois à noite.

A alimentação nessa primeira fase muda também gradativamente, tudo em função da idade e do tipo da ave a ser criada. Ela pode decidir a falência ou a rentabilidade do negocio.

Produzir a própria ração – essa alternativa só é válida para criações acima de 500 cabeças, e antes de tudo é necessário que se faça “muita conta” para avaliar se é ou não viável.

MANEJO DAS AVES PARA PRODUÇÃO DE OVOS.

Para iniciar a criação de aves para produção de ovos, o produtor deve escolher com que tipo de ave ele vai trabalhar em seu aviário, associada à preferência do mercado consumidor. Essa ave deve ter: baixa mortalidade, resistência a doenças, baixa relação entre consumo de ração e postura de ovos, além de uma capacidade para postura acima de 240 ovos/ano com boa capacidade de pigmentação da gema.

A fase inicial ou fase de cria é a mais sensível da criação, vai desde o primeiro dia até a 6ª (sexta) semana de vida.

A fase de recria vai da 7ª até a 18ª semana é onde ocorre um grande crescimento das aves sendo determinante para a qualidade da futura poedeira.
Fase de pré-postura vai da 19ª até a 23ª semana.

Fase de postura vai da 24ª até a 70ª semana, quando devem ser descartadas.

Tabela: O ciclo de produção de ovos:

IDADE (EM SEMANAS)

PRODUÇÃO DE OVOS

De 17ª A 18ª

5 A 10%

De 19ª a 20ª

50%

De 28ª a 30ª

Mais de 90%

De 45ª a 70ª

Ocorre decréscimo na produção

Acima de 70ª

Descarte.

Critérios para seleção de poedeiras produtivas

Galinha em produção apresenta:

- crista e barbelas grandes de aspecto sedoso e coloração vermelha.
- cloaca oval e alargada e úmida.
- distância entre ossos da pelve de 3 a 4 dedos.
- abdômen macio.

Galinha fora de produção apresenta:
- crista e barbelas pequenas, secas e escurecidas.
- cloaca estreita, circular, pálida e seca.
- distância entre os ossos da pelve de apenas 2 dedos.
- abdômen duro e pequeno.

A presença dos galos é muito importante, apesar de comerem mais que as galinhas e não botarem ovo, pois deixam as galinhas com comportamento mais tranqüilo, “ficam mais felizes” e isso tem importância fundamental também no aspecto sanitário, visto que o estresse é reconhecidamente um fator predisponente para doenças que acabam causando grandes prejuízos na avicultura.

MANEJO ALIMENTAR – a parte nutricional é um dos fatores que mais interferem no resultado produtivo do lote.

Todo o programa alimentar de aves está baseado na função, idade e peso dos animais, assim deve-se fornecer uma ração especifica para cada período de desenvolvimento das aves. O aproveitamento de restos de horta e cascas de frutas na alimentação das “galinhas” criadas em sistema caipira é recomendável, desde que esses restos sejam oferecidos como complementação à ração balanceada e não como dieta principal das aves.

Tabela: Relaciona a função econômica, idade e tipo de ração que deve ser fornecida as aves:

Alimentação Por Idade

Tipo de Ração

A) Aves para corte


1 a 30 dias

Ração Inicial

31 a 42 dias

Ração de crescimento, engorda.

43 ao abate

Ração de acabamento.

B) Aves para postura


1 a 10 semanas

Ração para pintinhas.

11 a 18 semanas

Ração para frangas.

Mais de 19 semanas

Ração para postura.

Revista: Escala Rural – Ano III- Nº 18

COLETA E CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS:


Os ninhos devem ser usados exclusivamente na fase adulta das aves em postura, são muito importantes para garantir ovos de boa qualidade, mais limpos e com menor risco de contaminação. Eles devem ser mais altos que o piso, com aproximadamente 40 centímetros de largura, 30 de altura e 30 de profundidade, com uma boa “cama” sedo suficiente para abrigar de quatro a cinco galinhas.

Os ninhos têm a função de proporcionar um local macio e aconchegante para a postura dos ovos. Cerca de 60 a 70% da postura é realizada pela manhã. Existe a necessidade de realizar a maior parte da coleta dos ovos neste período, para que eles não fiquem acumulados nos ninhos podendo quebrar ou trincar. Durante a coleta, é aconselhável que os ovos sejam colocados em bandejas plásticas ou de papelão com a extremidade mais fina voltada para baixo, pois a utilização de baldes ou cestas, ocasionam um alto índice de ovos trincados e quebrados, apesar da casca do tipo caipira ser mais resistente. Após a coleta, os ovos devem seguir para a sala de classificação, onde serão limpos a seco com uso de uma esponja. Por se tratar de um produto perecível, deve-se observar o período de consumo do ovo, que gira em torno de 15 a 25 dias.

OVOS DEFEITUOSOS:


a) Ovos com duas gemas – é o resultado da ovulação de duas gemas ao mesmo tempo, é mais comum em frangas.


b) Ovos com mancha de sangue – pela ruptura do folículo haverá também ruptura de algum pequeno capilar e conseqüentemente derrame de sangue.


c) Pedaços de carne – é geralmente o resultado de manchas de sangue em que parte foi reabsorvido ou pedaço de tecido de folículo rompido na hora da ovulação.


d) Ovo com casca mole – pode ser o resultado do não funcionamento das glândulas secretoras ou de um anormal peristaltismo do oviduto. Também doenças, deficiência de cálcio e fósforo podem ser os responsáveis.


e) Ovo dentro do ovo – o peristaltismo reverso poderá fazer voltar os ovos já formados, que entrando em contato com a gema que desce do oviduto, serão cobertos pela nova casca.


f) Ovo sem gema – ocorre quando algum material estranho entra no oviduto e estimula a ação das suas glândulas.

SANIDADE

O melhor remédio é a prevenção e o criador deve saber que aves bem alimentadas e com bom manejo são mais resistentes. Existem alguns princípios utilizados na prevenção, tais como:

- escolher aves compatíveis com o sistema de produção e resistentes;


- aplicar o manejo correto da espécie para fortalecer o estado de saúde e prevenir doenças;


- utilizar alimentos de alta qualidade juntamente com exercícios regulares e acesso a pastagens com a intenção de encorajar as defesas imunológicas naturais;


- evitar a superlotação.

A prevenção das doenças é de grande importância na manutenção da saúde das aves, que consiste em um conjunto de praticas que envolvem higiene, profilaxia e combate sistemático a endo e ectoparasitas, em função da realidade epidemiológica onde está localizada a sua criação. As vacinas são estritamente necessárias para também garantir a boa saúde das aves.

A ave doente costuma apresentar menor desenvolvimento em relação às demais, apresentando o barulho respiratório, coloração pálida ou esbranquiçada, diarréia (as penas da cloaca ficam sujas), fezes de cor e aspecto diferentes do normal, consumo excessivo de água e baixo de ração.

Tabela: Cronograma de Vacinações

IDADE

(DIAS)

VACINA

APLICAÇÃO

BOUBA

MAREK

Punção na membrana da asa intramuscular

(feita no incubatório)

10º

NEW CASTLE

Intra-ocular, intra-nasal

(ou na água de bebida não clorada)

21º

BOUBA AVIÁRIA

Escarificação na coxa (só no caso de não ter sido feito no 1º dia de vida) ou punção na membrana da asa

35º

NEW CASTLE

Intra-ocular, intranasal, água de bebida (não clorada)

63º

BOUBA AVIARIA

Escarificação na coxa ou punção na membrana da asa

De 4 em 4 meses

NEW CASTLE

Intra-ocular, intra-nasal, água de bebida (não clorada)

Fonte: Escala Rural – ANO III – Nº 18. (adaptado)


Planilhas: PROJETO DE AVICULTURA – SISTEMA CAIPIRA

PLANTEL: 300 AVES PARA PRODUÇÃO DE OVOS

ESPECIFICAÇÃO

UM

QUANT

P. UNT. R$

P. TOTAL R$

%

GALPÃO 6X10 (alvenaria)*

M2

60

50,00

3.000,00

79,93

BEBEDOR TIPO ROSCA

UN

04

6,00

24,00

0,64

BEBEDOR TIPO PENDULAR

UN

05

25,00

125,00

3,33

COMEDOURO TIPO BANDEJA

UN

04

6,00

24,00

0,64

COMEDOURO TIPO TUBULAR

UN

10

30,00

300,00

7,99

NINHOS

UM

60

3,00

180,00

4,79

CAMPÂNULA

UN

01

100,00

100,00

2,66


SUBTOTAL R$ 3.753,00 100,0%

AVES

CAB.

300

2,20

660,00

4,96

RAÇÃO INICIAL

6,4KGX300

Kg

1920

0,90

1.728,00

------

RRAÇÃO POSTURA 100gx300x365

MILHO GRÃO 20gx300x365

Kg

Kg

10.950

730

0,90

0,50

9.855,00

365

Total ração

89,69

VACINA NEW CASTLE

Frasco

4

8,50

34,00

0,25

VACINA BOUBA (frasco com 100 doses)

Frasco

3

8,00

24,00

0,18

OUTROS MEDICAMENTOS




20,00

0,15

Butijão com gás

UN

1

35,00

35,00

0,26

CAL (sc. De 50 kg).

UN

10

5,00

50,00

0,37

VERMÍFUGO

SACHÊ

10

2,00

20,00

0,15

Mão-de-Obra (2 h / dia x 540 dias) (1,5 ano)

HORA

1,00

540,00

540,00

4,06


SUBTOTAL R$ 13.321,00 100,0%

TOTAL GERAL R$ 17.084,00

Instalações R$ 3.753,00 / 5 lotes = R$ 750,60
Custo Variável R$ 13.321,00
Custo total R$ 14.081,60

PRODUÇÃO DE OVOS: 280 AVES X 270 0V0S = 75.600 OU 6.300 DÚZIAS.
Custo do Ovo – R$ 14.081,60 / 6.300 dz. = R$ 2,23 + R$ 0,10 de embalagem = R$ 2,33dz.

RECEITAS:
Ovos: 6.300 dz. X R$ 3,00 = R$ 18.900,00
Descarte: 280 aves X R$ 8,00 = R$ 2.240,00
TOTAL = R$ 21.140,00

DESPESAS TOTAIS= R$ 17.064,00

LUCRO (receitas – despesas) = R$ 4.076,00 / 12 meses = R$ 339,66 / mês (Lotes 1)

LOTE 2
RECEITA = R$ 21.140,00
DESPESAS = R$ 13.311,00

LUCRO = R$ 7.829,00 / 12 meses = R$ 652,41 / mês

PROJETO DE AVICULTURA – SISTEMA CAIPIRA

PLANTEL: 300 aves para produção de carne

ESPECIFICAÇÃO

UN

QUANT

P. UN. R$

P. TOTAL R$

%

GALPÃO 5 X 9(alvenaria)*

M2

45

50,00

2.250,00


BEBEDOR TIPO ROSCA

UN

04

6,00

24,00


BEBEDOR TIPO PENDULAR

UN

05

25,00

125,00


COMEDOURO
TIPO BANDEJA

UN

04

6,00

24,00


COMEDOURO
TIPO TUBULAR

UN

10

30,00

300,00


LANÇA CHAMA

UN

1

40,00

40,00


CAMPÂNULA

UN

01

100,00

100,00



SUBTOTAL R$ 2.863,00 100,0%

AVES

CAB.

300

1,70

510,00


RAÇÃO 6,0 kg X 300

Kg

1.800

0,9

1.620,00


VACINA NEW CASTLE

Frasco

2

8,50

17,00


Cal (50 kg)

Saco

10

5,00

50,00


Outros medicamentos




20,00


Butijão com gás

Um

1

35,00

35,00


VERMÍFUGO

SACHÊ

05

2,00

10,00


Mão-de-obra (2 h / dia = 200hs)

HORA

200

1,00

200,00





SUBTOTAL R$ 2.462,00 100,0%


TOTAL GERAL R$ 5.325,00

Instalações 2.863,00 / 10 anos = R$ 286,30 / ano / 3 lotes = R$ 95,43 / lote
Custo de R$ 2.863,00 + R$ 95,43 = R$ 2.959,43 / 300 aves = R$ 9,86 / ave com 2,2 kg de PV ou R$ 4,48 / kg de PV.

Nota: Preço de mercado regional é de R$ 12,00 a ave, gerando um lucro de R$ 2,14 / ave

Ficha para controle zootécnico das aves - Galpão Nº ____

TIPO:______________________________________ MÊS:________

ANO:_________

DATA DE RECEBIMENTO: ____/____/____ Nº DE AVES: _________

DIA

EXISTE

MORTE

SAÍDA

ABATE

DIST. DE

RAÇÃO

PRODUÇÃO

DE OVOS

CONTROLE SANITÁRIO.

01







02







03







04







05







06







07







08







09







10







11







12







13







14







15







16







17







18







19







20







21







22







23







24







25







26







27







28







29







30







31







Total:







OBSERVAÇÕES:__________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Referência:
- Revista Brasileira de Agropecuária – Ano I – nº 13
- Revista Brasileira de Agropecuária – Ano II – nº 16
- Revista Escala Rural – ANO III – Nº 14; 18; 19;
- Revista Globo Rural – ANO 10 – Nº 113
- Revista Globo Rural – Maio de 1997
- Revista Globo Rural Especial Nº 1,
- Reis, j. Doença das Aves – Manual Prático de Ornitopatologia – IBRASA – São Paulo- 1977.
- Farias Filho, R.V. - Criação de Galinhas poedeiras – UESB Itapetinga.
- Englert, S. Avicultura – 6ª ed. 1987
- Guia Rural – abril 1996
- Globo Rural – abril 1996.
- Criação de aves de postura método Yamaguishi: “Galinhas Felizes”.

Gilton Ramos de Argôlo
Eng. Agrônomo - M.Sc.



FONTE: CEPLAC